O 1st Global Female Sci-Tech Sessions, realizado no Auditório 03 da Conferência Anprotec 2024, destacou-se como um espaço de diálogo e inspiração para fortalecer a presença feminina nos campos de ciência, tecnologia e empreendedorismo. Dividido em duas etapas complementares, o evento promoveu a troca de experiências, o debate sobre desafios enfrentados pelas mulheres e a construção de estratégias para ampliar sua participação em ambientes de inovação.
A primeira parte do workshop, conduzida por Maíra Nobre de Castro, Diretora de Redes e Associados da Anprotec, trouxe dados que ilustram a desigualdade de gênero e raça no setor de inovação no Brasil. “Embora as mulheres estejam conquistando mais espaço, ainda temos grandes desafios. Apenas 28% dos pesquisadores no Brasil são mulheres, e a desigualdade salarial persiste, com as mulheres negras enfrentando os maiores obstáculos”, afirmou Maíra.
Fernanda Konradt de Campos, da Fundação CERTI, apresentou um vídeo com depoimentos de mulheres de diversas partes do mundo, abordando temas como conciliar maternidade e carreira, superar a predominância masculina nos ambientes de trabalho e lidar com a síndrome da impostora. “A síndrome da impostora é um desafio recorrente. Muitas mulheres duvidam de sua própria capacidade e merecimento, mas é essencial que ocupemos nosso espaço e façamos nossas vozes serem ouvidas”, destacou Fernanda.
Conexões e estratégias práticas
Após o coffee break, a segunda etapa foi moderada por Ana Luiza Canhestro Saraiva, Head de Inovação do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). A atividade contou com dinâmicas interativas que promoveram o networking e a troca de experiências entre participantes e palestrantes.
Sheila Oliveira Pires, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, compartilhou relatos pessoais sobre os desafios de ser mulher em setores predominantemente masculinos. “No início da minha carreira, eu não percebia como era tratada de forma diferente apenas por ser mulher. Infelizmente, atitudes hostis eram naturalizadas, mas hoje vejo como podemos transformar essa realidade com mais apoio e inclusão”, contou Sheila.
As discussões também destacaram as barreiras enfrentadas pelas mulheres na conciliação de múltiplos papéis. “Mesmo com avanços, ainda há uma expectativa de que as mulheres conciliem trabalho, família e casa sozinhas. Precisamos mudar essa visão e criar condições mais justas para que todas possam se desenvolver plenamente”, acrescentou Ana Luiza.
Os debates ressaltaram a importância de ambientes de inovação como incubadoras, parques tecnológicos e aceleradoras na criação de espaços mais inclusivos. Esses ambientes têm papel fundamental em fomentar a equidade, apoiar lideranças femininas e construir uma cultura de inovação mais diversa e colaborativa.
O 1st Global Female Sci-Tech Sessions não apenas reforçou a relevância de fortalecer a presença feminina nos setores de ciência e tecnologia, mas também inspirou ações concretas para transformar o ecossistema de inovação brasileiro. “A diversidade é uma força motriz para a inovação, e eventos como este são essenciais para trazer diferentes perspectivas e ampliar o impacto positivo dos ambientes de inovação”, concluiu Fernanda.
A Conferência Anprotec 2024 segue até o dia 5 de dezembro, com uma programação que inclui workshops, painéis e a apresentação de cases de sucesso. O evento é uma realização da Anprotec, em parceria com o Sebrae, e está sendo sediado pelo Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos e tem como patrocinadores a Finep e CNPq, do MCTI, além de Confea, Crea e Mútua.
