A competição para determinar os líderes na revolução da Inteligência Artificial está longe de ser concluída. Este foi um dos pontos centrais abordados por Ricardo Geromel, autor dos best-sellers “O poder da China” e “Bilionários”, durante o evento AI Day, realizado pelo Instituto Caldeira em dezembro de 2024. O escritor, que também é partner na 3G Radar, embaixador global do Caldeira e um observador atento dos ecossistemas globais de inovação, trouxe insights provocativos sobre o impacto da IA no mundo, especialmente em setores críticos como energia.
Em sua fala, Geromel enfatizou o aumento exponencial do consumo energético causado pela IA, destacando que “um data center que não mexe com IA gasta uns 32 megawatts, enquanto um com IA consome mais do que o dobro disso.” Para ele, essa dependência coloca o Brasil em posição estratégica, graças à sua matriz energética predominantemente limpa.
“Mais de 90% da energia consumida aqui vem de fontes renováveis”, afirmou, contrastando com a China, onde mais da metade da energia ainda é derivada do carvão. Esse cenário cria uma oportunidade única para o Brasil, que, além de se posicionar como um fornecedor global de energia limpa, pode se tornar um terreno fértil para inovações tecnológicas ligadas à Inteligência Artificial. “A IA vai aumentar consideravelmente a nossa produtividade, e isso é o que me empolga”, reforçou.
Para Geromel, o impacto da Inteligência Artificial é comparável ao advento do smartphone. Ele relembrou o lançamento do iPhone, em 2007, e como nem mesmo Steve Jobs conseguiu prever aplicações transformadoras como Uber e Airbnb. “A IA é uma mudança de paradigma tal qual foi o advento do smartphone”, afirmou, sugerindo que ainda não temos clareza sobre todas as inovações que surgirão a partir dessa tecnologia.
Entre os exemplos mais recentes, ele destacou os modelos de linguagem de larga escala (LLMs), como o ChatGPT, que “mudou o planeta, chacoalhou o mundo todo”. No entanto, Geromel ponderou que o futuro desses modelos ainda é incerto. “Será que o ChatGPT marca um grande marco ou será que esses modelos vão ser disputados de um jeito ou de outro? Acho que ainda é muito cedo para falar com segurança”, refletiu, apontando que a corrida por inovações nesse campo ainda está em sua fase inicial.
Outro ponto levantado por Geromel foi a importância de hubs de inovação para impulsionar esse movimento. Ele comparou o Instituto Caldeira ao Vale do Silício, destacando a convergência de elementos como startups, empreendedores, academia, governo, grandes empresas e capital em um único espaço físico. “O que fez o Vale do Silício ser o epicentro global em inovação foi a congruência desses elementos em um local físico real”, disse ele.
A experiência de Geromel na China também trouxe insights valiosos, como o conceito de Dreamtown, um hub de inovação focado em startups de e-commerce, que surgiu após o maior IPO da história da Alibaba, em 2014. Ele acredita que o Caldeira pode desempenhar papel semelhante no Brasil.
O Caldeira consegue ser esse hub físico de unir esses elementos, e está só começando.
Para investidores, Geromel deixou um alerta: é difícil prever quais empresas se consolidarão na corrida pela IA. Ele citou Warren Buffett para reforçar o argumento. “Na década de 1920, havia mais de 2 mil empresas de marcas de carros nos Estados Unidos. Hoje, não tem cinco.” Segundo ele, investir em tendências não é suficiente; é preciso escolher o “cavalo vencedor”. Geromel concluiu que o crescimento da demanda por energia e a expansão de data centers são as únicas certezas nesse cenário. “O play de energia e expansão de data centers está contratado e vai acontecer”, afirmou, deixando claro que o avanço da IA depende diretamente da solidez dessa base estrutural.
Apesar das incertezas, Geromel vê o momento atual como uma oportunidade única de aprendizado e exploração. Ele comparou sua experiência em IA ao choque cultural que teve ao chegar na China. “Se você estiver com o olho aberto e vendo, é tudo acontecendo tão rápido que é difícil cravar um potencial vencedor.”
Para ele, a verdadeira revolução está apenas começando, e cabe aos líderes de inovação, como o Instituto Caldeira, ajudar a moldar o futuro desse ecossistema. “O Caldeira realmente consegue ter um impacto muito grande aqui no Rio Grande do Sul, aqui no Brasil, e está só começando”, concluiu.
INSTITUTO CALDEIRA