Neurocientista brasileiro desvenda o Dejà Vú e palestra em Universidade Portuguesa sobre teoria
Essa sensação de já ter feito algo ou estado em um lugar pode ser um fenômeno absolutamente natural, ou ter relação com distúrbios psicológicos, afirma o Pós PhD em neurociências, autor de um estudo sobre o tema, Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Déjà vu é um termo francês que significa literalmente “já visto” e descreve a sensação de estar vivenciando algo que, de alguma forma, parece familiar, mesmo sem ter experienciado aquilo antes.
O fenômeno é considerado comum e pode ocorrer com qualquer pessoa em algum momento da vida. No entanto, quando acontece de forma recorrente, pode estar ligado a condições neurológicas.
Um estudo realizado pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, e publicado na revista científica Brazilian Journal of Development analisou os mecanismos cerebrais envolvidos no fenômeno e sua relação com possíveis distúrbios psicológicos e neurológicos.
A pesquisa chamou a atenção da Universidade de Aveiro, em Portugal, que convidou o neurocientista para uma palestra no dia 25 de fevereiro no Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade para organizar as XIII Jornadas de Psicologia.
Como o cérebro cria essa sensação?
Uma das principais explicações para o déjà vu está relacionada à memória e aos processos ligados a ela que ocorrem no cérebro.
“Diziam que era algo sobrenatural, um dom. Mas eu pensava: deve ser um problema ligao ao cérebro, algo relacionado a um laço temporal errôneo e isso me motivou a iniciar o estudo”.
“Quando existe uma lembrança inconsciente que se assemelha a uma experiência atual, o cérebro pode criar a sensação de que aquilo já aconteceu antes. Esse efeito pode ser influenciado por elementos do ambiente, como cores, cheiros e sons, que acionam memórias inconscientes”, explica Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
Além disso, há hipóteses que relacionam o fenômeno ao processamento neurológico. Um atraso na transmissão de informações entre diferentes regiões do cérebro pode fazer com que uma experiência seja registrada duas vezes, dando a ilusão de repetição.
Déjà Vu pode indicar distúrbios neurológicos?
Em alguns casos, o déjà vu também pode ser um sintoma de condições neurológicas, como a epilepsia do lobo temporal.
“Pacientes com epilepsia costumam relatar episódios frequentes de déjà vu antes de uma crise. Além disso, pessoas que viajam frequentemente ou têm alta capacidade imaginativa também podem experimentar esse fenômeno com mais frequência”, afirma o Dr. Fabiano.