Por que indústria e mercado precisam tomar as rédeas da educação na era da IA?
Se existe um mantra que carrego ao longo da minha trajetória, é que a educação precisa se converter em PIB. De nada adianta investirmos na formação de talentos se, ao final do ciclo educacional, esses profissionais não encontram espaço para aplicar seus conhecimentos ou se vêem despreparados para os desafios reais do mercado.
Hoje, a distância entre as demandas da indústria e a qualificação da força de trabalho brasileira só cresce, criando um gap perigoso para a nossa competitividade global.
Neste mês, assumo a direção geral do SESI/RS – Serviço Social da Indústria, SENAI-RS e IEL-RS – Instituto Euvaldo Lodi, instituições que, historicamente, têm um papel essencial na formulação de soluções para esse desafio. Em um mundo onde a inteligência artificial, a automação e as novas economias remodelam o mercado de trabalho, precisamos garantir que os jovens estejam não apenas qualificados tecnicamente, mas também desenvolvam as habilidades socioemocionais e digitais necessárias para prosperar em suas carreiras.
A escola precisa estar conectada à realidade, e a indústria tem um papel decisivo nesse processo.
A escola não pode ser um ambiente hermético
Tomar as rédeas da educação não significa reduzir a escola a um mero treinamento para o mercado de trabalho. O problema é que, no modelo atual, muitas pessoas passam anos dentro das salas de aula para descobrir, só depois, que o conhecimento adquirido não dialoga com as exigências reais do mundo do trabalho.
Não é à toa que enfrentamos um problema crônico de evasão escolar e desengajamento. O sistema educacional brasileiro ainda privilegia a memorização mecânica em detrimento da experimentação, da criatividade e do pensamento crítico.
A indústria do futuro exige resolução de problemas complexos, capacidade de inovação e interação com tecnologias emergentes. Se a escola não proporcionar essas experiências de forma ativa, estaremos perpetuando um sistema que frustra talentos e desperdiça potencial econômico.
Educação conectada com o mundo real
O SENAI-RS há décadas qualifica profissionais para a indústria, garantindo que os alunos tenham contato com as mais avançadas tecnologias e saiam preparados para atuar em um mercado cada vez mais digital e automatizado. Em 2023, o SENAI-RS atendeu 400 dos 497 municípios do estado, levando educação profissional para onde as oportunidades ainda são escassas.
O SESI/RS – Serviço Social da Indústria inova no ensino médio, preparando jovens com competências técnicas e socioemocionais, por meio de metodologias que incentivam a criatividade, a solução de problemas e o pensamento crítico. Em um mundo onde a inteligência artificial já é realidade, formar jovens apenas para reproduzir conhecimento não é suficiente.
Além disso, no SESI/RS – Serviço Social da Indústria e SENAI-RS, educação não é um conceito estático. As trilhas de aprendizagem são constantemente ajustadas para garantir que o conteúdo acompanhe as mudanças tecnológicas e as novas demandas da indústria. Isso é essencial para que o Brasil não fique para trás na corrida global pela inovação.
Já o IEL-RS – Instituto Euvaldo Lodi atua na interface entre startups e indústrias, aproximando inovação e setor produtivo. Através do IEL LAB, buscamos integrar o ecossistema empreendedor às necessidades industriais, fomentando novos negócios e promovendo uma cultura de inovação mais forte.
O futuro do trabalho exige novas soluções
Empresas ao redor do mundo estão cada vez mais focadas em habilidades práticas e resolução de problemas reais. O que diferencia um profissional não é apenas o diploma, mas sua capacidade de aplicar o que aprendeu na prática.
As empresas do futuro demandam profissionais com visão sistêmica, pensamento analítico e habilidades digitais – e esse é o nosso compromisso agora à frente do SESI-RS, SENAI-RS e IEL-RS.
Minha missão é fortalecer esse tripé, criando ainda mais conexões entre educação, indústria e inovação. Acreditar no potencial humano é acreditar na força da educação como alavanca de crescimento econômico.
Na sua opinião, indústria e mercado precisam tomar as rédeas da educação?