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Catástrofe climática no Rio Grande do Sul tem consequências para a economia do Estado

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul tem consequências para a economia do Estado

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul tem consequências para a economia do Estado

Redação Start

Em entrevista, especialistas compartilham como a tragédia pode impactar os negócios no RS

As tragédias causadas pelas enchentes e deslizamentos recentes em todo o Estado do Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição não só para as cidades e cidadãos gaúchos, mas para toda a economia do Estado. O estrago é tão expressivo, que muitas notícias têm mostrado que produtos como arroz sofrerão um aumento no preço, considerando que o Estado é um dos maiores produtores de arroz do Brasil. Segundo uma matéria publicada pela BBC News Brasil, três setores da economia brasileira poderão sentir os efeitos da catástrofe, como o crescimento do PIB, no setor agrícola e a questão fiscal brasileira.

O mesmo conteúdo explica que o Rio Grande do Sul é uma das potências do agro brasileiro, representando 12,6% do PIB da agricultura nacional. Além disso, o Estado representa cerca de 70% da produção de arroz do Brasil, 15% de carnes, 15% da soja e 4% de milho. A expectativa é que as enchentes provoquem alterações nos preços nacionais e internacionais, e ainda há riscos para que outros produtos tenham o preço aumentado.

Em entrevista, o head de gestão e estratégias de investimento do Clube do Valor, André Trein, acredita que os impactos da tragédia serão enormes, tanto as grandes empresas (como a GM, em Gravataí) quanto as pequenas e médias foram duramente afetadas de várias formas. Segundo ele, a primeira delas é o impacto que as enchentes causaram na vida dos colaboradores, com mais de 162 mortes confirmadas até agora, dia 23 de maio, cerca de 581 mil pessoas desalojadas e 68.345 em abrigos espalhados pelo estado. Essa situação provavelmente causará o maior dos impactos sobre a produção e sobre o consumo de bens e serviços. A segunda forma de impacto se dá pela perda temporária da infraestrutura logística do estado.

Ele explica que nessas três semanas após o início das inundações no interior, ainda havia mais de 100 bloqueios parciais e totais nas rodovias gaúchas, e boa parte delas são interrupções de pontes danificadas, que tendem a aguardar por obras mais complexas. Além das rodovias, o principal Aeroporto Salgado Filho está inundado e, segundo informações da Fraport Brasil, as operações no aeroporto seguem suspensas por tempo indeterminado, o que pode impactar diversos setores da economia gaúcha, incluindo o turismo. Outra forma de perda que tem preocupado as empresas são as perdas consideráveis de mobiliário e maquinário, o que acaba tendo reflexos negativos na operação e economia de diversas empresas.

“Quando se fala em “perda”, não é só uma indisponibilidade temporária que logo pode ser retomada: é perda mesmo, que levará muito tempo para ser reposta. Um fator ainda potencializa todos esses números quando pensamos no impacto econômico das enchentes: o fato de grande parte dos desalojamentos, interrupções logísticas e perdas de imóveis e maquinário produtivo terem acontecido nas regiões mais populosas e economicamente relevantes do estado, como o Vale do Taquari, do Sinos e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Então, vejo que o impacto para o RS é muito grande”, comenta André.
André afirma ainda que, em nível nacional, o impacto deve ser menor e mais limitado às cadeias produtivas dependentes de produtos e insumos vindos do Rio Grande do Sul, como a indústria automotiva. Como exemplo, ele cita que já existem registros de montadoras colocando sua força de trabalho em férias coletivas por falta de fornecimento de peças. Tanto nessa cadeia quanto em outras, pode ocorrer indisponibilidade temporária ou redução estrutural de oferta de insumos e de produtos acabados.

“É difícil apontar para um setor que tenha sido particularmente mais afetado. Vejo que todos os setores foram bastante impactados, bem como todos os portes de empresas. Segundo o Governo do Estado, 90% dos municípios foram afetados pelas enchentes e, de acordo com estudo da FIERGS, 94,3% da atividade econômica também foi atingida. Começando pelo agronegócio no interior, que foi o primeiro a sofrer as consequências de chuvas e enxurradas sem precedentes, que afetaram plantações e a atividade pecuária. Indústrias de todos os portes instaladas nos principais pólos do estado também sofreram ou inundações ou indisponibilidade logística para escoar seus produtos. Por fim, o setor de serviços também teve perdas enormes de ativos, em todas as regiões”, aponta André.

Recuperação e futuro

Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS, compartilha que a Fecomércio-RS está trabalhando incansavelmente para que os efeitos da tragédia climática sejam minorados sobre as empresas e a sociedade. Ele afirma que a entidade vem atuando junto ao governo federal, estadual e municipais para que medidas nas áreas tributária, trabalhista e de crédito sejam tomadas a fim de que as empresas atingidas consigam sobreviver, incluindo a solicitação de recursos a fundo perdido para as empresas, bem como urgência nas obras de reconstrução de infraestrutura.

Além disso, ele aponta que a Fecomércio-RS vem atuando na mediação de convenções coletivas emergenciais que possibilitem a preservação dos empregos neste momento de dificuldades de caixa e de funcionamento da economia.

“Também estamos trabalhando junto às autoridades para que seja garantido que eventos que nem este não voltem a ocorrer. Esse tipo de medida é fundamental para que investimentos continuem acontecendo e que as pessoas, especialmente os jovens, não tenham mais uma razão para migrar. Vivemos a pandemia. Sabemos que agir rapidamente, do ponto de vista econômico, foi fundamental. Naquele momento, a ajuda emergencial às famílias, os mecanismos de proteção ao emprego, as reduções e postergações de tributos, as medidas de crédito, tudo isso somado foi importante para a nossa recuperação rápida”, destaca Luiz.

Ele destaca que, nesse momento, a situação é ainda mais dramática, pois além das perdas de redução da atividade houve perdas de infraestrutura e de patrimônio das empresas e das famílias. As quantias, a eficiência e o foco da aplicação dos recursos irão determinar o quão profundo será o efeito líquido da tragédia e o tamanho das cicatrizes desses eventos trágicos sobre a economia gaúcha. Promover a recuperação do Rio Grande do Sul é ajudar o Brasil a crescer.

Por esse motivo, as estimativas iniciais apontam para uma perda de R$ 40 bilhões de PIB para o Rio Grande do Sul em função da tragédia. Segundo Luiz, as principais perdas são devido ao fechamento de várias empresas em virtude dos alagamentos e das enxurradas, da redução do tempo de operação de empresas por falta de funcionários e/ou matérias-primas, e pela própria redução de demanda decorrente do ambiente de consternação que abateu o estado diante da tragédia. Além disso, há perdas derivadas da redução da capacidade produtiva que se estenderão para os próximos meses.

“Temos as consequências de curto e de longo prazo. No curto prazo, temos as perdas relacionadas à interrupção da produção, da geração de renda, da perda de patrimônio de empresas e famílias, a destruição da infraestrutura, a perda de muitos empregos, o fechamento de empresas, o aumento do endividamento de famílias e empresas. Entretanto, é no longo prazo que residem os maiores riscos. As ações do agora terão muito a definir o nosso amanhã. Precisamos que todas as medidas possíveis nos âmbitos trabalhista, tributário e de crédito sejam tomadas para ajudar empresas e famílias a passarem por esse momento. Mas é urgente e fundamental que possamos dar certeza às pessoas e às empresas que tragédias nessas dimensões não se repitam. Isso é fundamental para que possamos garantir a atração de investimentos e para manter as pessoas aqui no estado”, comenta Luiz.

André Trein complementa que a plena recuperação econômica do Rio Grande do Sul tende a levar vários anos. Especialmente considerando as perdas de vidas, de imóveis, de bens e de maquinário que ocorreram nessa tragédia. Em termos de investimento, dado que as atividades agropecuária, imobiliária, industrial e vários segmentos de serviços são bastante intensivos em capital, a reposição desses ativos deve demandar financiamentos em montante relevante, o que pode ser suprido, no mínimo parcialmente, por investimentos privados. Ele afirma ainda que se houver um apoio considerável por parte do poder público, a situação pode ser ainda melhor.

“A expectativa em relação à atividade econômica é apenas um deles e, aqui, a representatividade do RS no PIB nacional, em 2023, foi de apenas 5,9% segundo o IBGE. Outros fatores bastante relevantes são o comportamento dos juros, da inflação, do cenário externo e o próprio humor geral dos investidores brasileiros e estrangeiros. Talvez, a catástrofe que acometeu o RS e que ganhou as manchetes mundialmente acelere uma tendência que já está em curso em todo o mundo, que é a de investidores trazerem cada vez mais elementos ESG para dentro de seus processos de tomada de decisão”, conclui.

Desenvolvimento rural

O secretário de desenvolvimento rural do Rio Grande do Sul, Ronaldo Santini, afirma que as proporções da catástrofe ainda estão sendo avaliadas com relação aos impactos totais de perdas na produção agropecuária, junto a Emater/RS-Ascar, entidade que tem como objetivo proporcionar melhorias na atuação dos agricultores familiares e povos tradicionais do RS. Segundo ele, esse período foi ampliado pois em muitas áreas a água recém começou a baixar, sendo que apenas agora está sendo possível o ingresso dos técnicos.

“Estamos trabalhando internamente para construir, junto ao governo federal e às entidades do setor, iniciativas que deem fôlego ao produtor na retomada de sua produção e que estimulem o mercado consumidor a adquirir os produtos oriundos do solo gaúcho. Teremos grandes impactos no que compete às perdas das safras que estavam terminando de ser colhidas. Também estimamos grandes perdas tanto da olericultura e da fruticultura, quanto do setor leiteiro, principalmente por não terem conseguido recolher e transportar o leite”, comenta Ronaldo.
Ele conta que, para minimizar os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul nas áreas rurais e na produção rural, várias ações estão sendo implementadas, para oferecer suporte imediato e estratégico aos produtores rurais, garantindo a continuidade das atividades agropecuárias e a recuperação das áreas afetadas pela tragédia. Entre as ações, ele cita:

A Emissão de Guias de Trânsito Animal (GTA) em contingência: no dia 7 de maio, foram emitidas mais de 20 mil GTAs para facilitar o transporte de animais em situação emergencial. Essas guias são essenciais para manter o fluxo de movimentação animal e assegurar a continuidade das atividades agropecuárias.

Autorização de comercialização de produtos de origem animal: duas normativas foram publicadas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Estas medidas, válidas por 90 dias, permitem a comercialização intermunicipal e interestadual de produtos de origem animal provenientes de agroindústrias registradas nos Serviços de Inspeção Municipal (SIM). Essa autorização é crucial para manter o comércio e evitar perdas econômicas.

Contratação de horas-máquinas: foram destinados R$ 40 milhões para a contratação de horas-máquinas, com o objetivo de realizar a limpeza e a reconstrução dos municípios afetados. Essa ação visa a recuperação da infraestrutura rural, facilitando o retorno às atividades normais.

Prorrogação de prazos de pagamento dos Programas do FEAPER: os prazos de pagamento das parcelas vincendas nos meses de maio, junho e julho de 2024 foram prorrogados. Essa medida oferece alívio financeiro imediato aos produtores rurais, permitindo que possam se concentrar na recuperação sem a pressão dos pagamentos imediatos.

Extensão do prazo para o programa Troca-Troca safra 24/25: o prazo para os agricultores efetuarem os pedidos no sistema foi prorrogado de 17 de maio para 31 de maio. Este programa beneficia mais de 30 mil agricultores, permitindo que ajustem suas demandas de sementes conforme necessário.

Reabertura do prazo para solicitação de recursos para sementes forrageiras: houve a reabertura do prazo para a solicitação de recursos destinados à nova aquisição de sementes forrageiras. Isso permitirá a reimplantação das áreas de pastagens, garantindo a alimentação adequada do rebanho leiteiro, essencial para a recuperação da produção de leite.

Além disso, ele destaca que a Secretaria de Desenvolvimento Rural já executou dois programas voltados à recuperação do solo para atingidos em eventos meteorológicos no ano passado e a recuperação deste ano pretende ser replicada, porém, proporcional ao nível da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul este ano.

Entre as ações realizadas, ele cita o Programa de Recuperação da Fertilidade do Solo I, que disponibilizou recursos para a recuperação de áreas cultiváveis de municípios que tiveram perdas decorrentes do ciclone extratropical que atingiu o Estado entre os dias 15 e 16 de junho de 2023, buscando recuperar plenamente sua capacidade produtiva. Segundo ele, o investimento total do governo estadual é de R$ 10 milhões nessa fase, com objetivo de promover a aquisição, distribuição e aplicação de insumos, tais como corretivos, condicionadores de solo, adubos, bioinsumos e sementes de cobertura.

Já a segunda foi lançada em novembro pela pela SDR/RS e foi responsável pela disponibilização de R$ 15 milhões para a recuperação de áreas cultiváveis de municípios do Vale do Taquari, da Serra e do norte do Estado que tiveram perdas decorrentes de chuvas intensas e alagamentos, visando recuperar a capacidade produtiva.

“Participaram do programa os municípios afetados pelos eventos climáticos adversos que ocorreram entre 2 e 6 de setembro e entre 2 e 3 de novembro e que apresentem perda de solo de áreas cultiváveis, conforme dados dos levantamentos realizados pela Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). Como o levantamento das perdas e a análise das propriedades ainda vem sendo realizada por parte dos extensionistas da Emater-RS/Ascar, a pasta vem organizando informações para analisar de que modo deve aplicar os recursos em auxílio aos produtores dos pequenos estabelecimentos rurais”, destaca Ronaldo.

Com relação aos processos burocráticos e de custos para os produtores rurais nesse momento, Ronaldo compartilha que, por meio da repactuação de valores das linhas de crédito, a SDR/RS tem o objetivo de trabalhar na criação de alternativas que contemplem os produtores que possuem financiamentos e criar mecanismos para que outros possam ter acesso a recursos com o objetivo de reiniciar a sua atividade.

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