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Semana Caldeira: “Funcionou porque foi uma inovação”, afirma Persio Arida, um dos criadores do Plano Real

“Funcionou porque foi uma inovação”, afirma Persio Arida, um dos criadores do Plano Real

Há 30 anos, o Brasil vive em estabilidade monetária devido ao sucesso do Plano Real, que reduziu a inflação nacional. Segundo Persio Arida, um dos criadores do Plano Real e painelista do segundo dia da Semana Caldeira, nesta terça-feira (24), a ideia do plano funcionou “porque foi uma inovação”.

Diante da plateia lotada na arquibancada Banrisul, no térreo do Instituto Caldeira, ele fez um resgate histórico das circunstâncias que levaram à consolidação do projeto de estabilização e afirmou que, assim como ocorre com toda ideia nova, o Plano Real enfrentou críticas iniciais. “A proposta era uma superindexação de todos os contratos: escolares, de fornecedores, de salários. Tudo seria reajustado na mesma periodicidade e pelo mesmo índice, de acordo com a inflação passada. Assim, haveria uma sincronização da economia”, explicou o economista.

O Real foi uma aposta depois de diversas tentativas dos governos anteriores de acabar com a inflação herdada dos militares. Ao assumir a Presidência, após a queda de Fernando Collor, Itamar Franco convidou Fernando Henrique Cardoso (FHC) para ministro da Fazenda, conferindo a ele a responsabilidade de organizar a economia. Com um grupo de economistas, coordenado por Pedro Malan, do Banco Central, eles escreveram o plano, que foi publicado no final de 1993. Na época, a inflação batia recordes, alcançando 40% ao mês em 1994.

Na prática, a sacada dos economistas foi criar em fevereiro uma espécie de dólar virtual, a URV, Unidade Real de Valor. O cruzeiro continuava desvalorizando, mas o efeito não atingia a URV. Em julho daquele ano, a URV perdeu as letras U e V, permanecendo o R, de real. A nova moeda acabou com a hiperinflação, valendo o mesmo que um dólar.

O plano não tinha precedentes em outros países, mas apresentava bons dados teóricos. “O FHC  arriscou seu capital político apostando no plano. Toda inovação precisa de alguém que a sustente”, ponderou Arida. FHC convenceu o presidente Itamar Franco de que o Plano Real funcionaria, algo que ele não estava certo de que aconteceria. “É claro que havia riscos. Mas FHC montou um time de economistas liberais do Rio de Janeiro, apesar de ser considerado um homem de esquerda, perseguido pelo regime militar.”

“Ninguém faz nada sozinho”
Essa foi outra lição do plano, segundo Arida. “Ninguém faz nada sozinho. Tão importante quanto a estratégia é a qualidade do time que você tem. Você precisa de sócios complementares, pessoas com capacidade intelectual”, afirmou. Por fim, o economista destacou que o plano teve resiliência e o apoio da população. “Primeiro, precisávamos reduzir a inflação e depois fazer as reformas estruturais para mantê-la baixa. Outro fator crucial foi que a população abraçou a ideia. Nós nunca impusemos que as pessoas aderissem à URV (Unidade Real de Valor); achávamos que levaria dois anos para todos ajustarem os preços, mas isso aconteceu em três meses. Foi um fenômeno de adesão espontânea”, contextualizou.

Após a eleição de FHC à presidência, em 1995, vieram as privatizações e reformas que mantiveram a inflação sob controle.

Depois que a inflação caiu, continuamos no jogo. Privatizamos estatais, acabamos com o monopólio estatal do petróleo, privatizamos o sistema elétrico, criamos agências reguladoras e promovemos a independência do Banco Central

Contudo, o ex-presidente do Banco Central, ressaltou que algumas reformas importantes, como a previdenciária, não foram aprovadas na época e que a pauta, mesmo com avanços, continua sendo um desafio na sociedade brasileira.

O economista também elucidou que contexto macro colaborou para o sucesso da nova moeda. O Brasil foi o penúltimo a controlar a inflação, uma tendência global na época. No contexto nacional, ele explicou que, com o retorno da democracia em 1985, os políticos perceberam que controlar a inflação gerava resultados nas eleições, porque melhorava a qualidade de vida do povo. Aliás, essa foi justamente uma das consequências do Plano Real, uma vez que causou um “extraordinário efeito de distribuição de renda”, nas palavras de Arida, pois aumentou o poder aquisitivo da população, que pôde atender a necessidades básicas.

Reforma tributária é um avanço, mas poderia ser melhor conduzida, avalia economista
Questionado sobre a reforma tributária, o economista afirmou que a “ideia é boa”, mas que o processo poderia ser melhor conduzido. “A ideia é ter uma alíquota única, isso está de acordo com o que existe no resto do mundo, mas o que estamos vendo, na prática,  são alterações no Congresso que resultarão em uma alíquota de quase 28%, que é alta. Isso me desanima. Além disso, a  reforma vai seguir por um caminho de judicialização”, comentou.

Antes de finalizar a palestra, Arida também avaliou que o Brasil precisa de uma reforma administrativa que leve em conta a qualidade do gasto público, além de sua redução. “O problema não é falta de dinheiro, mas de gestão”, concluiu.

https://institutocaldeira.org.br/

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