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Susana Kakuta: O mercado de deeptechs é um exercício de visão de futuro para fundos de investimento

O mercado de deeptechs é um exercício de visão de futuro para fundos de investimento

Susana Kakuta
Estrategista em Inovação de Impacto | Empreendedora em série | Especialista em gestão de Startups

Para que o Brasil possa desenvolver tecnologias de fronteira, que rompem paradigmas e criam novos mercados, é imprescindível um ecossistema robusto de startups deeptechs. No entanto, para que o mercado de deeptechs evolua no país, e contribua para uma nova matriz econômica de base tecnológica, os fundos de investimento têm papel fundamental.

Sem visão de futuro e o compromisso de longo prazo destes atores o mercado de deeptechs está fadado a ser uma eterna promessa no Brasil.
Isso porque, em geral, deeptechs demandam ciclos de desenvolvimento mais longos em comparação a outras startups, devido à complexidade tecnológica e ao tempo necessário para pesquisa e desenvolvimento. Esse fator aumenta o risco para os investidores, que precisam estar dispostos a comprometer recursos substanciais por períodos mais prolongados.

Da mesma forma, deeptechs demandam cheques maiores, em razão do custo operacional elevado. Estes fatores fazem com que essas startups estejam mais expostas ao “Vale do Morte”, refletindo a dificuldade de financiamento de projetos altamente disruptivos.

É preciso que investidores compreendam que, nesses casos, os retornos são substancialmente proporcionais aos riscos. Então, quem não arrisca, não petisca.
Empresas baseadas em grandes avanços científicos e tecnológicos têm o potencial de transformar setores inteiros, haja vista os avanços em IA generativa, robótica, 5G, e biomateriais, por exemplo.

Ou seja, quem investe em oportunidades deste tamanho, colhe retornos e reputação valiosíssimos para o mercado global de venture capital.

Um relato de quem vive na pele
Tenho vivido isso na pele com a minha startup, a Biosens. Somos uma deeptech que desenvolve testes remotos, tipo Point of Care Test, de uso humano.

Nossa jornada de desenvolvimento de produto é em torno de 8 anos até chegar no go to market.

Precisamos de pessoal com conhecimento transversal muito específico e qualificado;
Demandamos insumos, máquinas e equipamentos importados;
Embarcamos tecnologias disruptivas, como Crispr, Single Domain Antibodies, grafeno.
Nossa jornada tem sido complexa!  Temos a confiança de fundos, especialmente aqueles geridos pela VENTIUR, e de investidores privados que acreditam em nosso potencial de mercado. Sem eles, em complemento ao que captamos em subvenções por editais, a Biosens não chegaria até aqui!

Estamos prestes a entrar no mercado com nosso primeiro produto – bSensINR, um teste point of care que mede o tempo de coagulação do sangue.

Uma nova visão dos investidores

O relatório “Deep Tech – The New Wave”, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, estima que os investimentos em deeptechs na América Latina aumentarão 20 vezes até 2032, passando de US$ 172 milhões para US$ 3,44 bilhões.

Essa é uma oportunidade de ouro para o Brasil!

Das 2252 startups de tecnologias emergentes mapeadas em território latino, quase 72% estão no Brasil, aponta o relatório Emerging Techs 2024, do Distrito. Destas, a maioria são deeptechs.

Em 2020, 5,6% do PIB brasileiro foi gerado por startups de alta tecnologia, indicando a relevância desse setor para a economia nacional, aponta um relatório da Google for Startups.

O que puxa esta maior participação na riqueza do país tem nome e sobrenome: inteligência artificial.

Nos últimos quatro anos, 3 em cada 10 startups de tecnologias emergentes tinham foco principal em IA. Em 2023, o mercado global de IA foi avaliado em US$ 196,6 bilhões, com projeção de crescimento a uma taxa anual composta de 36,6% de 2024 a 2030, segundo o Grand View Research, Inc.

Para que o Brasil possa aproveitar plenamente essas oportunidades e consolidar sua posição no mercado global de alta tecnologia, é essencial que fundos de investimento adotem uma visão de longo prazo.

Portanto, investir em deeptechs não é apenas uma aposta arriscada, mas uma estratégia de futuro que pode posicionar o Brasil como um líder global em tecnologia e inovação.